DEFINIÇÕES
Lembrar-se da criação do mundo:
O mandamento do Shabat é divino: “... Em seis dias, D’us fez os céus e a terra e no sétimo dia Ele ‘descansou” (Chemot – Exodus 3117).
Lembrar-se da saída do Egito:
A prática do Shabat nos lembra a saída milagrosa dos judeus do Egito, eles foram liberados apenas para servir à D’us através da prática das mitvos. Ao se afastar das ocupações mundanas, os judeus aproveitam o Shabat espiritualmente, ao estudar Torá e fisicamente. Assim nós experimentamos a resposta e a liberdade ganhas com o êxodo.
Alma extra:
Todo Shabat, D’us nos concede a neshamah yeshamah, uma alma a mais para o dia. Nós cuidamos desta alma ao estudar Torá, aumentar nossas preces e cumprindo as mitvos de Shabat. A apreciação física do dia só é pretendida para envolver o corpo na mitzvá.
A Honra do Shabat:
Deve-se honrar o Shabat vestindo-se e colocando a mesa de forma alinhada. Desta forma devemos lavar e preparar tudo na quinta-feira para que estejam prontos para o Shabat. Nós também honramos o Shabat com candelabros e comidas festivas.
Aproveitar o Shabat:
Nós devemos tornar o Shabat agradável com comida e bebida, assim como carne, peixe e vinho. Esta mitzvá de oneg Shabbos também diz que devemos abandonar os pensamentos do trabalho e outras preocupações, ter a sensação de dever cumprido.
As velas do Shabat:
Antes do Shabat, as mulheres devem acender ao menos duas velas; uma para lembrar (Exodus 20:8) e outra para observar (Deuteronomy 5:12). Na maior parte das comunidades, após acendê-las, a mulher venda os olhos e fala as bênçãos “Quem nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou que ascendêssemos a luz do Shabat sagrado”. É proibido trabalhar durante o período do Shabat. Atualizando um costume que prevalece em muitas comunidades, Lubavitcher Rebbe, que tenha longa vida, convidou todas as meninas menos de três anos de idade a acender uma vela e falar as bênçãos. As filhas devem acender antes de suas mães. É de costume colocar algum dinheiro em uma caixa para a caridade antes de acender as velas.
Santificação:
Kidush, reza para D’us pela santidade do Shabat, é recitada sobre o vinho antes das refeições de Shabat à noite e pela manhã. A Kidush da noite é composta por duas bênçãos, enquanto a matinal é composta basicamente de uma só, “Criador da fruta da videira”.
Três Refeições:
A pessoa deve fazer ao menos três refeições durante o Shabat. Uma refeição na noite do Shabat, correnpondendo à Abrahão, uma no dia de Shabat, correspondendo à Isaac, e uma entre os serviços da tarde e da noite, correspondendo à Jacó.
Pão duplo:
A benção “Quem traz o quarto (pão)” foi dita sobre lechem mishneh, duas folhas, nas refeições do Shabat e das festas religiosas. Estas folhas lembram a dupla porção de manna recebida pelos israelitas na sexta feira no deserto – uma porção para aquele dia e a outra para o Shabat, quando nenhum manna desceu.
Esteja agradecido (ou Agrade) e Nos fortaleça:
“Retzei”, a passagem afirma a santidade do Shabat, inserida na benção “... Criador de Jerusalém” na graça após as refeições de Shabat.
Criador das luzes de fogo:
Esta benção, parte da Havdalah, é dita sobre uma vela acesa para comemorar a criação do fogo após o primeiro Shabat, quando Adão esfregou duas pedras. Esta bênção também é dita após o Yom Kipur.
Criador da variedade das especiarias:
Esta benção, parte da Havdalah, é dita antes de cheirar especiarias. Nossos Sábios, de memória abençoada, ordenaram que se cheirasse especiarias no final de Shabat para nos encorajar pela perda de nossa alma extra.
Acompanhando a Rainha:
A melaveh malkah, uma refeição comida antes de Shabat, é a nossa forma de nos despedir da Rainha do Shabat. Esta refeição também é chamada de refeição de David, o Rei messiânico.
As trinta e nove categorias do trabalho:
Como a Torá justapõe os mandamentos de descansar no Shabat e o de construir um santuário, nossos Sábios, de memória abençoada, deduziram que o lamed tes melachos utilizada na construção, é proibida no Shabat. Outros trabalhos, conhecidos como tolados (literalmente “gerações”) eu subcategorias também são proibidos por causa da sua similaridade aos trinta e nove trabalhos principais.
Isolar:
Muktzeh se refere à objetos que não devem ser movidos durante o Shabat, assim como ferramentas, objetos de escrita, dinheiro, etc. Ao observar estes objetos, assim como a utilização destes é proibida durante o Shabat, estes são proibidos intrinsecamente, seu desaparecimento ou mau uso pode causar perdas financeiras, eles estão fora de questão, ou servem como base para algo proibido.
Os quatro domínios do Shabat:
Estes são:
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Propriedade Privada
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Propriedade Pública
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Nem a propriedade pública nem a privada
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Um local isento
No Shabat o judeu não deve levar nada de uma propriedade pública para uma privada e vice versa, assim como não pode transportar nada de quatro cubits em público. Segundo a bíblia, um Karmelis tem o mesmo status que um lugar isento, mas Rabínicamente, nós o tratamos como um lugar público, carregando com ele somente quando há um eiruv (vide o próximo tópico). As leis do Shabat definem as quatro propriedades e suas leis.
Os 39 “trabalhos” proibidos no Shabat
Basta consultar a própria Torá para reconhecer o espírito que rege a proibição do trabalho. Em Êxodo XXXV, 1-4, depois de introduzir o assunto relativo à confecção do Tabernáculo, a Torá se interrompe para inculcar a observância do Shabat antes de retomar o fio da meada. O significado desta interrupção e desta intercalação só pode ser o seguinte:
Por mais importante que seja a construção do Tabernáculo, “o produto mais nobre da atividade humana”, quando o Shabat se aproxima, esta construção e todos os trabalhos que ela implica devem cessar. Faz-se uma observação semelhante com respeito ao trecho do Êxodo XXXI, 12-18.
Consequentemente, todos os trabalhos necessários à construção e à organização do Tabernáculo são proibidos (Shabat, 70a). O número desses trabalhos é 39. Eles são estabelecidos pela Lei Oral que acompanhou imediatamente a Lei Escrita (o Pentateuco).
O JARDIM DO ÉDEN
D’us escolheu o lugar mais bonito da terra, chamado Éden: ali Ele plantou um jardim. Sobre as árvores deste encantador jardim cresceram os mais saborosos e deliciosos frutos.
No centro do jardim D’us plantou duas árvores especiais. Uma era chamada a Árvore da Vida. Se alguém comesse o fruto dessa árvore, viveria para sempre. A segunda era a chamada Árvore do Conhecimento. Se alguém comesse seus frutos se tornaria inteligente e esperto ao extremo.
D’us colocou Adão e Eva, as duas primeiras pessoas sobre a terra, nesse belo Jardim do Éden para ali viverem e cuidarem do jardim. D’us lhes disse: “Você podem comer o fruto de todas as árvores do jardim - mas não da árvore do Conhecimento, para não morrerem!”
D’us não queria que comam dessa árvore porque sabia que usariam sua inteligência para se machucarem, não só a eles como aos outros.
Adão e Eva teriam vivido muito felizes no jardim se não fosse pela cobra. A Serpente, que era o animal mais inteligente e esperto, foi falar com Eva. Falou-lhe astutamente e a persuadiu a comer o fruto da árvore do Conhecimento. Eva não pôde resistir à tentação e comeu o saboroso fruto que D’us a havia proibido de comer. E não só comeu como deu um pouco para Adão, que também comeu do fruto. D’us então chamou Adão e lhe perguntou, “Porque você comeu do fruto proibido?”
Adão apresentou um desculpa - Eva me deu o fruto para comer; e Eva disse que foi culpa da cobra, que a persuadiu a fazê-lo.
Por isso D’us castigou a Serpente, Eva e Adão. À Serpente D’us disse que daquele dia em diante só poderia se deslocar rastejando sobre seu abdômen, e que existiria um ódio perpétuo entre cobras e seres humanos.
O castigo de Eva foi ter que sofrer, e criar seus filhos com dor e dificuldades.
E a Adão disse D’us: “Por você não ter obedecido ao Meu mandamento, vai ter que trabalhar e labutar com toda sua força para fazer com que a terra produza para você, até sua morte e retorno à terra da qual você foi criado.”
Como castigo adicional, Adão e Eva foram expulsos do Jardim de Éden. Não poderiam mais ficar no bonito jardim nem viver livres, dos frutos das belas árvores. Agora teriam que trabalhar o solo para obterem sua comida
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Que bondoso havia sido D’us com Adão e Eva! Tinha feito um maravilhoso jardim para eles. Tinha lhes dado todas as oportunidades para viverem felizes e contentes. Mas eles desobedeceram o único mandamento de D’us e ao fazê-lo trouxeram grandes preocupações para eles mesmos. Em vez de viverem pacificamente no jardim, agora teriam que labutar e sofrer para sempre. Que grande lição para nós! Se obedecermos os mandamentos Divinos, podemos ser felizes e estar contentes, como é o desejo de D’us para nós. Mas ai de nós se desobedecermos as leis de D’us! Então traremos grande problemas, para nós e para os outros. Vamos nos precaver da “cobra” que há dentro de nós e não nos deixar enganar por suas tentações astutas!
A CRIAÇÃO DO MUNDO
Todos sabemos que foi D’us que criou nosso formidável mundo, com seus poderosos oceanos, elevadas montanhas e imensos continentes, repletos de diferentes tipos de plantas, animais e pássaros. Vamos aprender a ordem com que D’us realizou tudo isso, em apenas seis dias.
No início D’us fez os céus e a terra. No primeiro dia, quando tudo era o caos e o escuro, D’us criou a LUZ e Ele separou a luz da escuridão.
No segundo dia, o Todo-Poderoso formou os Céus.
Quando amanheceu no terceiro dia, D’us disse: “que as águas da terra se reunam em certos lugares que serão chamados Mares e Oceanos. Então a terra, a terra seca, vai aparecer.” E como Ele ordenou, assim foi. As muitas vias fluviais do mundo e toda a boa terra estavam agora claramente visíveis. Neste mesmo dia, a pedido de D’us, começaram a brotar da terra todo tipo de plantas e árvores. As ervas mais minúsculas, as mais belas flores, as árvores mais majestosas, tudo foi criado no terceiro dia.
Agora que a terra não era mais um caos, D’us voltou novamente para os céus. No quarto dia, Ele fez os corpos celestiais: o SOL, a LUA, e as estrelas. Dariam luz para a terra de dia e de noite.
No quinto dia os peixes e todas as outras criaturas que vivem na água foram criadas. D’us também criou no quinto dia, todos os nossos amigos alados, os passarinhos.
Agora chegou o sexto dia da Criação. Primeiro D’us criou tudo que vive e se move sobre a terra. E que variedades havia! Insetos e répteis e todo tipo de animais. Moscas e gafanhotos, cobras e vermes, cavalos e cachorros, elefantes e leões, e um milhão de outras criaturas vivas.
Por último e o mais importante, D’us criou o HOMEM. O homem era diferente de tudo mais que havia na terra, D’us soprou no corpo de Homem uma alma divina.
D’us fez então uma mulher, uma esposa para Adão, nome do primeiro homem. A mulher foi criada para ser uma ajuda para o Homem, na sua própria vida e na vida do mundo inteiro. Adão chamou sua mulher de Eva, que significa em Hebraico ‘a mãe de toda coisa viva.’
D’us abençoou Adão e Eva da seguinte maneira: “Multiplicai-vos e dominai tudo neste mundo”.
No final do sexto dia, o mundo e tudo que nele havia estavam completos. D’us abençoou o sétimo dia e declarou-o um dia de descanso porque neste dia Ele terminara a criação do mundo e descansara. O nome do sétimo dia, Shabat, quer dizer, em hebraico, descanso.
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Quando obedecemos as leis do descanso do Shabat, estamos demostrando que nos damos conta que D’us, e somente Ele, criou o nosso mundo. Portanto o mandamento de observar o Shabat é um dos maiores e mais importante das nossas leis.
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Ao ler a história da Criação, vemos que D’us criou primeiro tudo que há no mundo e só quando tudo estava pronto, Ele criou o Homem.
Quando convidamos uma pessoa importante na nossa casa, primeiro arrumamos tudo. A casa fica um brinco. Colocamos cadeiras macias, luzes brilhantes e belos quadros no quarto de hóspedes. Planejamos pratos deliciosos para ele. Quando ele finalmente chega, ele encontra tudo no lugar para seu conforto. E ele fica muito agradecido!
O Homem tratou o Homem e a Mulher como convidados de honra na terra e tudo foi arrumado para seu conforto. D’us, Ele mesmo, considera o Homem importante e digno de cuidado. Vamos demostrar nosso agradecimento a D’us por Sua bondade. Vamos tentar, através de nossas ações, mostrar que apreciamos o mundo maravilhoso que Ele nos deu. Vamos, mediante nossa conduta, tentar sempre merecer o amor e os cuidados de D’us! Vamos ser hóspedes agradecidos sobre a terra!
Os 39 “trabalhos” proibidos no Shabat
Basta consultar a Torá para reconhecer o espírito que rege a proibição do trabalho. Em Êxodo XXXV, 1-4, depois de introduzir o assunto relativo à confecção do Tabernáculo (o Mishkan), a Torá se interrompe para inculcar a observância do Shabat antes de retomar o fio da meada. O significado desta interrupção e desta intercalação só pode ser o seguinte:
Por mais importante que seja a construção do Tabernáculo, “o produto mais nobre da atividade humana”, quando o Shabat se aproxima, esta construção e todos os trabalhos que ela implica devem cessar. Faz-se uma observação semelhante com respeito ao trecho do Êxodo XXXI, 12-18.
Consequentemente, todos os trabalhos necessários à construção e à organização do Tabernáculo são proibidos (Shabat, 70a). O número desses “trabalhos” é 39. Eles são estabelecidos pela Lei Oral que acompanhou imediatamente a Lei Escrita (o Pentateuco).
O DESCANSO DE SHABAT
Sexta à noite, depois da deliciosa refeição, Jacó se aproximou do avô que estava sentado, como de costume, com um Chumash aberto.
“Será que posso lhe fazer um pergunta, vovô?”
“Claro, Jacó; senta aqui e pergunta o que quiser e vier à sua mente.”
“Vô, não tenho nunca certeza sobre o que um judeu pode ou não fazer no Shabat. Não dizem que Shabat é um dia de descanso; então não entendo porque é proibido fazer coisas que não cansam nem um pouco? Por exemplo fazer tricô. Mamãe diz que quando ela tricota sempre se sente tão descansada! Mas ela também me disse que é proibido tricotar no Shabat. Será que o Senhor poderia me dizer algo mais sobre o Shabat? Que coisas podem ou não podem ser feitas e por que?”
“Encantado, meu menino,” respondeu o avô; e prosseguiu. “Como você sabe, D’us criou o universo todo em seis dias e descansou no sétimo. Então Ele proclamou o sétimo dia da semana um dia santo de descanso. Será que D’us estava realmente cansado com Seu trabalho da Criação? Claro que não! Mas ao interromper todo o trabalho da criação antes do sétimo dia, D’us mostrou ao homem a maneira de viver. D’us deseja que o homem tenha uma vida especial, muito além da vida de qualquer outra criatura que Ele criou.”
Depois de descansar para respirar, vovô continuou: “O homem é um ser sábio e inteligente e deve ser um memorial vivo para o trabalho da Criação. Como o homem consegue testemunhar o fato de D’us ter criado o Céu e a Terra?
“Nós o fazemos interrompendo o trabalho no Santo dia de Shabat e guardando-o do modo que D’us nos ordenou guardar o Santo Shabat. Cada loja de judeu, cada negócio ou venda fechada no Shabat proclama em bom tom ao mundo todo que D’us criou o mundo em seis dias. É exatamente isso que D’us quer que façamos.
“Para nós, judeus, o Shabat é, portanto, mais que um dia de descanso. Não precisamos estar cansados para desfrutá-lo ou guardá-lo. Para nós, judeus, o Shabat é um dia dedicado a D’us, um dia completamente diferente dos outros dias da semana.
“O Shabat é diferente com respeito a tudo, em cada detalhe. Nossa roupa, a bênção dos alimentos, nosso próprio andar e falar, até mesmo nossos pensamentos: tem uma marca distintiva em tudo, no Shabat. Tudo que está relacionado com nossa vida diária, nossos negócios, o trabalho, nossos esportes e recreação, são simplesmente banidos por vinte e quatro horas ou um pouco mais. Em Shabat o judeu vive num mundo totalmente novo, um mundo santo e puro, de espírito. É a isso que nos referimos quando falamos de ‘Neshamá Ieterá’, a ‘alma de Shabat’ que distingue o judeu.
“Agora estou começando a entender, mas por favor, continua vovô,” disse Jacó. E o avô continuou.
“Isso vai lher dar alguma idéia de porque o judeu não pode fazer coisas em Shabat que são inofensivas em si e aparentemente de pouco significado, como segurar dinheiro, rasgar papel, fumar, usar qualquer meio de transporte, desde um avião até um ônibus, ir ao cinema, jogar bola, carregar qualquer coisa para fora ou para dentro de casa, etc. É especialmente proibido fazer qualquer trabalho criativo, como escrever, desenhar e, claro, tricotar, costurar, remendar, cozinhar, assar, etc.
“Estou ficando sem alento, Jacó, mas ainda não falei de tudo.”
“Eu sei, vovô, posso mencionar mais algumas coisas. Por exemplo, não podemos acender nenhum tipo de luz. Não podemos riscar um fósforo, ligar uma luz elétrica ou o gás.”
“É, de fato, mas há muitas, muitas mais coisas para aprender.”
“Sabe, vovô, acho que depois do Shabat vou fazer um quadro com todas as coisas que não são permitidas fazer em Shabat e que eu lembre.”
“Boa idéia, meu garoto. Deixa eu lhe dar um conselho. Se alguma vez você estiver em dúvida sobre alguma coisa, não tenha vergonha de perguntar seu pai, seu professor, seu rabino, ou até mesmo a mim. Uma pessoa tímida não aprende muito, dizem nossos livros.”
“Sempre perguntarei, vô, mas temo dar-lhe um bocado de trabalho! Mas agora estou escutando a mamãe me chamando. Bom Shabat, e muito obrigado”.