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O homem ridiculariza a si próprio

BSD

Midrash

Cada Judeu, no final da sua vida neste mundo, será convocado diante do Tribunal Celestial.

Perguntar-lhe-ão: “Porque negligenciaste o estudo da Torá que deve ser a ocupação principal de cada Judeu?”

O pobre se defenderá dizendo: “O que poderia ter feito? Eu tinha que atender às necessidades da minha família. Como poderíamos viver se eu tivesse estudado a Torá?

- Quem era mais pobre, Hilel ou você?” responder-lhe-ão. “Hilel não ganhava quase nada, uma trepica (pequena moeda) por dia. Entretanto gastava a metade para pagar o guardião da porta do Beit Hamidrash para ter o direito de entrar, enquanto que o resto era para atender às necessidades da sua família. Um dia, não tendo dinheiro para entrar, trepou no teto do edifício para escutar as palavras de Torá da boca de Shemaia e Avtalion. Era um dia de inverno muito frio e a neve começou a cair. No dia seguinte, que era Shabat, Shemaia e Avtalion observaram que o Bet Hamidrash estava escuro. Levantando os olhos para o teto viram na fresta a forma congelada de um homem. Fizeram-no descer, o lavaram, o untaram com óleo e o reanimaram perto do fogo. “Este homem merece verdadeiramente que se profane o Shabat para ele!”, proclamaram.

“Se Hilel pôde fazer isso, porque você não?”

Quando se interrogue com respeito à sua falta de estudo de Torá, o homem de negócios abastado se adiantará e se desculpará dizendo: “O que posso fazer? Eu tinha que fazer meu negócio andar. Eu não podia estudar mais Torá do que fiz.”

A resposta a este argumento aparentemente simples é a seguinte: “Será que você é mais rico do que foi Rabi Elazar ben Charsum? Rabi Elazar possuía um milhar de aldeias na terra e um milhar de navios no mar, mas ele nunca soube com que se pareciam. Ele não queria perder tempo inspecionando suas diferentes propriedades, porque preferia passar dia e noite estudando Torá. Seus próprios servidores não conheciam o patrão e quando uma vez o encontraram pensaram que era um operário e o obrigaram a trabalhar. Ele lhes suplicou: “Eu lhes rogo, deixem-me partir! Eu tenho que estudar!” Foi só quando descobriram quem ele era que o libertaram.

“Se ele pôde fazer isso, porque não você?”

A uma pessoa sensual se perguntará: “O que te impediu estudar a Torá?

-  O que eu poderia ter feito?, dirá, desculpando-se. Eu sou belo e não pude dominar minhas paixões. A vida está cheia de prazeres! Como poderia ter renunciado a eles para estudar a Torá?

-  Tua desculpa não é aceitável, se lhe responderá. Será que você é mais belo que Iossef? A mulher de Potifar o tentava diariamente, trocando de roupa três vezes por dia, mas ele superou seu ietser hará. Porque não seguiste o exemplo de Iossef?”

Uma senhora da nobreza romana perguntou ao Rabino Iossi bar Chalafta: “Como pode ser que Iossef, um menino de dezessete anos, no auge das paixões, tenha podido se conter de cometer um pecado com a mulher de Potifar? A Torá de vocês deve dissimular os fatos tais como se produziram!”

Rabi Iossi tirou um sefer bereshit e leu para ela a história de Reuven e Bil'ha e a história de Iehudá e Tamar.

“Para quem a Torá teria dissimulado algo, para um filho na casa do seu pai ou para um simples escravo na casa do seu dono?”, perguntou à patrícia.

“Certamente para um filho na casa do seu pai”, respondeu.

Ele lhe disse: “Entretanto a Torá não poupou nem a Reuven, que era um filho na casa do seu pai, e o primogênito das tribos, nem a Iehudá. Pelo contrário, ela deu a conhecer seus erros. Você pensa então que a falta de Iossef, o escravo, e o mais jovem dos irmãos, teria sido ocultada?”

“Tuas palavras são verdadeiras e tua Torá é verdadeira!” admitiu ela.

Ao guardar-se da imoralidade no Egito, Iossef traçou a via para seus descendentes no curso do exílio egípcio, para que preservem seu alto grau de moralidade a despeito da corrupção que prevalecia no Egito.


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