top of page

24 DE TEVET Neste dia o AUTOR DO TANYA “deixou” este mundo.

24 Tévet 5573-1813.

Dia em que o Admour Hazaken “deixou” este mundo.

O Alter Rebe(lit. “o Velho Rabi”): Rabi Shneor Zalman de Liadi (1745-1812), também conhecido como “O Admur Hazaken”, “O Rav” e “O Baal Hatania”, “ o primeiro Rabi de Lubavitch”, fundador da Chassidut Chabad Lubavitch e líder do movimento Chassidico, o Rabi, o líder de sua geração.



  • O dia 24 de Tevet, data da Hilula do Admur Hazaken, autor do Tanya e do Chulchan Aruch, cai de maneira geral na semana da Parashat Vaera. Ora, o nome dessa Parasha faz alusão ao nome do Admur Hazaken.

Na verdade, Vaera é o anagrama de Or Alef, a luz do Alef, esta letra é a inicial de Or, a luz. Encontramos então nessa palavra, duas referências à luz, uma com todas as letras e a outra que é apenas uma alusão. Ora o nome do Admur Hazaken é exatamente Shneor, duas luzes.

E ele foi chamado assim pois ele iluminou o mundo com duas luzes, uma evidente, a da parte revelada da Torá, a outra oculta, a da Chassidut.

(Discurso do Rabi, Shabat Parshat Vaera 5741-1981)

Em 5572-1812, o Admur Hazaken teve que fugir sua cidade de Lyadi por causa da guerra, pois estava sendo perseguido por Napoleão. De 29 Av a 8 Tévet 5573-1813, o Admur Hazaken, sua família e dezenas de Chassidim continuaram sua fuga, até chegarem à aldeia de Pyene.

Notícias aterrorizantes da destruição e desolação causadas pelos exércitos napoleônicos em todas as cidades da Rússia Branca chegaram ao Admur Hazaken. Milhares de famílias judias ficaram sem nada, sem casa e sem meios para garantir seu sustento. Por outro lado, nas regiões de Kovno, Vilna e Vitebsk, infelizmente, os soldados do exercito de Napoleão fizeram um pacto com os judeus de lá. Seus oficiais desonestos convidaram as jovens judias para suas festas depravadas. O Admur Hazaken sentiu  grande pesar

.O Na sexta-feira, 8 de Tévet, cerca de sessenta carroças chegaram à aldeia de Pyéné. Todos puderam descansar um pouco ali, pois o lugar era amplo. Havia trezentos pátios, casas grandes, várias das quais livres, pois os homens tinham ido para combater. Os aldeões eram bons e solidários como nos tempos de guerra e ofereceram graciosamente acomodação e aquecimento para todos os que haviam chegado.

Admour Haemtsahi escreve: "Esta paz foi amarga para nós. Quando pudemos descansar, perdemos a coroa da nossa cabeça, (o chefe da geração, o Admur Hazaken). Na verdade, a dor era imensa e inflamou o baço. Mais, ele pegou um resfriado, porque ele era idoso e fraco. Após cinco dias de doença, ele perdeu a bile e não pôde manter sua vida. Ele deixou este mundo no final do Shabat Chemot, 24 Tévet."

Durante  sessenta anos, o Admur Hazaken construiu e estruturou sua atividade comunitária com base em quatro princípios, amor ao próximo, disseminação da Torá, serviço abnegado a D'us, Tsedacá (caridade)  e boas ações. Ele abriu um caminho amplo e direto para seus sucessores, os mestres de Chabad, para administrar as necessidades da comunidade.

Depois de deixar este mundo, ele foi levado para Haditch e enterrado perto da margem rio do Passel.

(Sefer Hatoldot)

  • Rabanit Freida, A filha do Rabi

O Rabi Dov Ber, filho e sucessor do Rabi Shneor Zalman*, estava em Krementchug quando ficou sabendo que seu pai tinha morrido. Todos os médicos da cidade foram chamados quando lhe contaram a má notícia. Na verdade, ao saber que seu pai não fazia mais parte deste mundo, ele desmaiou. Logo que ele recuperou a consciência, ele desmaiou de novo. E assim foi, acontecendo durante vinte e quatro horas.

O Rabi Shneor Zalman* tinha também uma filha pela qual ele possuía um grande afeto, a Rabanit Freida. Ela era uma grande erudita. Os Chassidim* transmitiam por ela suas perguntas mais difíceis sobre a Lei da Torá, e ela sabia como resolvê-la.

A Rabbanit Freidafoi uma personalidade muito importante; seu pai, o Admor Hazaken tinha um afeto especial por ela. Ele pronunciava discursos Chassidicosespecificamente para ela. Seu irmão, o Admor Haemtsahi, quando ele queria saber alguns comentário precisos feitos por seu pai, encarregava a Rabbanit Freida de interrogar o Admor Hazaken. Ele mesmo se escondia então para ouvir a explicação.

O Admor Hazakenexplicou uma vez, que a alma de sua filha, a Rabbanit Freida, era proveniente do “mundo masculino”, mas que, por algum motivo, ela foi introduzida num corpo feminino.

A Rabbanit Freida nasceu em 5524-1764 e deixou este mundo seis meses depois de seu pai. Ela está enterrada bem perto dele, em Haditch.

A Rabanit Freida era uma pessoa fraca fisicamente, e quando ela ficou sabendo do falecimento de seu pai, ela ficou inevitavelmente doente e ficou ainda mais fraca, a ponto de ter que ir morar no campo.

Quando ela sentiu que o fim de sua vida estava próximo, ela chamou os Chassidim* de Krementchug e disse a eles que ela desejava ser enterrada em Haditch, do lado direito de seu pai. Eles não souberam então o que fazer. Eles sabiam do afeto particular que o Rabi Shneor Zalman* tinha pela sua filha, mas hesitavam em tomar esta iniciativa sem ter sido mandados pelo próprio Rabi*. Eles não tomaram então nenhuma decisão de primeira.

Alguns dias depois, ela chamou novamente os Chassidim*até sua casa, e diante deles, começou a recitar o início da reza da manhã:

“Eterno, a alma que Você me deu é pura. Você a criou, formou, insuflou em mim. Você a conserva em mim e Você a retomará de mim.”

Depois ela levantou suas mãos para o céu e gritou:

“Pai, o momento chegou, espere-me!”

Foi com essas palavras que sua alma deixou seu corpo.

Todos os Chassidim*, impressionados com o que acabavam de ver, entenderam que eles deveriam satisfazer a vontade da Rabanit Freida. Os Chassidimdisseram que eles podiam sem dúvida aceitar o pedido de uma mulher que teve o mérito de deixar o mundo desta maneira. O cortejo de sua morte partiu, mas alguns ainda estavam com dúvidas. A charrete chegou então num cruzamento, aonde uma rua ia para Krementchug e a outra para Haditch. Lá, o cavalo avançou sozinho e pegou o caminho para Haditch. A Rabanit Freida foi então enterrada ao lado direito do Rabi Shneor Zalman*, como ela indicou.
 O Admur Hazaken

O Rabi Shneor Zalman de Liadi* é o fundador da Chassidut Chabad*. Ele é conhecido por todo o povo de Israel como o “autor do Tania* e do Chulc´han Aru´ch*” (que são, respectivamente, o livro basico da Chassidut Chabad e o Código das Leis judaiacas). Ele mudou a divulgação do ensinamento do Baal Shem Tov*e o expressou de maneira racional para que qualquer pessoa pudesse ter acesso à parte profunda da Torá*.

Seu sistema filosófico está registrado no Tania*, obra chamada de “Lei escrita da Chassidut*”. Publicado pela primeira vez em 5557 (1797), o Tânia* foi, a partir dessa data, reeditado milhares de vezes, o que faz com que seja o livro judeu mais difundido atualmente.

A obra do “Rav*” na área legislativa foi também muito decisiva e o Chulc´han Aru´ch*, o Código das Leis Judaicas,  que ele redigiu, a pedido de seu mestre, o Maguid de Mezerich*, é atualmente uma das obras de referência, administrando a vida cotidiana do povo judeu.

Quando o Maguid de Mezeritch*deixou este mundo e que o Rabi Menachem Mendel de Horodok* foi para Eretz Israel*, o Rabi Shneor Zalman* se tornou líder do movimento Chassidico*na Rússia e teve dezenas de milhares de discípulos. Ele se dedicou tanto aos eruditos, pelos quais ele fundou centros de estudo levando-os a perfeição do conhecimento, quanto aos judeus pouco estudiosos, pelos quais ele estimulou a volta aos trabalhos agrícolas para libertá-los das obrigações da cidade e das más ações da assimilação que já se manifestavam.

Ele dirigiu também sua ação pela comunidade judaica como um todo. Foi nesse sentido que ele divulgou a voz da Torá*até Petersburgo. Ele teve que parar sua atividade depois de ter sido vítima de uma delação e passou cinqüenta e três dias na prisão de segurança máxima. Evidentemente, sua inocência foi provada, e em seguida, depois de sua detenção, seu ensinamento foi ainda mais divulgado. Também, o Rabi Shneor Zalman*teve um papel decisivo na resistência contra a invasão da Rússia pelas tropas de Napoleão. Ele conseguiu proteger os judeus da Rússia da assimilação que mostrava suas más ações na época, na França, sob a influência de Napoleão.

Mas o Rabi Shneor Zalman* foi antes de tudo um Tsadik* um desses homens que consideram que a matéria do mundo não constitui um véu à divindade, um Justo que serve D´us em cada pensamento, cada palavra e cada ação. Ele colocou sua elevação moral ao serviço de seu povo e fez muitos milagres, realizando assim a sentença Talmúdica “quando D´us faz um decreto, o Tsadik*o anula. Quando o Tsadik* toma uma decisão, D´us a ratifica”.

Esses assuntos são mencionados neste fascículo através de várias

histórias que permitem conhecer ainda melhor uma das personalidades judaicas que contribuiu para forjar a identidade do povo judeu na época atual.

24 Menachem Av 5609-1849

O Rabbi Moshé Meizlich deixou este mundo.

O Rav Moshé Meizlich foi um dos mais jovens Chassidim do Admor Hazaken. Antes de se aproximar dele, ele era um oponente da Chassidut e fiel secretário da comunidade de Vilna. Ele se tornou um Chassid do Admor Hazaken alguns anos antes dele ser preso. Desde então, ele tinha um afeto especial por ele.

Depois da libertação do Rabbi, os oponentes da Chassidut se conscientizaram do fracasso e culparam o Rabbi Moshe, que teve que fugir de Vilna e perambular. Em seguida, ele se tornou um comerciante importante e exerceu até uma função política. Ele se aproximou do governo e foi amigo de alguns ministros, que o respeitavam por sua grande inteligência.

Quando Napoleão invadiu a Rússia, no início da guerra, o Admor Hazaken pediu que o Rabbi Moshé, que falava francês, se aproximasse de seu campo e o espiasse para ajudar os russos. Na verdade, o Rabbi Moshé encontrou Napoleão duas vezes.

Numa carta datada de 5695-1935, o Rabbi Rayats escreveu:

“Durante a guerra franco-russa, o Rabbi Moshé se apresentou ao estado maior francês. Ele dominava, na verdade, o alemão, o russo, o polonês e o francês além se ser particularmente inteligente. O Admor Hazaken o enviou então para que os oficiais franceses o conhecessem e dessem uma missão a ele. Assim, ele poderia, escondido, transmitir aos oficiais russos todas as informações que ele ficasse sabendo. Rapidamente, os oficiais superiores o apreciaram e lhe deram acesso a todos os segredos. Assim, o Rabbi Moshé pôde salvar um entreposto de armas da destruição em Vilna.”

“Uma vez, contou o Rabbi Moshé, os oficiais superiores do exército discutiam o adiantamento dos combates. Os mapas estavam espalhados pelo chão e eles reconheciam as estradas e os caminhos, sem poder tomar uma decisão final. No dia seguinte ou dois dias mais tarde, foi decidido quando seria iniciado o ataque a Vilna. Faltava muito pouco tempo.”

Enquanto os oficias discutiam, a porta se abriu fazendo um grande barulho a ponto de assustar o sentinela que quis usar sua arma. Todos pensaram que o exército inimigo acabava de tomar o estado maior. De repente, o imperador Napoleão entrou correndo, muito furioso e começou a gritar:

“Já decidiram finalmente como vai acontecer esta luta?”

Ele apontou com o dedo para o Rabbi Moshé e perguntou:

“Quem é este estrangeiro? O quê que ele está fazendo aqui?”

Ele se dirigiu a mim e disse, em francês:

“Você é um espião russo!”

Depois, ele colocou sua mão sobre meu peito para ver se meu coração batia forte, como é o caso quando somos pegos em flagrante. A base da Chassidut salvou minha vida. Eu respondia calmamente que os oficiais franceses tinham me recrutado para fazer traduções, pois eu falava todas as línguas que eram necessárias para eles.

O Rabbi, continuou o Rabbi Moshé, nos ensinou que a base da Chassidut é usar sua natureza para o serviço de D’us. O início deste serviço consiste em usar as forças naturais. Assim, quando ele funciona normalmente, o intelecto dirige o sentimento.”

Em 5576-1816, o Rabbi Moshése estabeleceu na Terra Santa, antes em Tfast, e depois, em 5583-1823, em Hevron onde ele foi um dos dirigentes da comunidade Chabad. Ele foi também um dos primeiros responsáveis do Collel Chabad, na Terra Santa. Em seguida, ele voltou para a Rússia e alguns anos depois, voltou para Erets Israel, em companhia do Rabbi Morde’hai de Babroisk.

Ele deixou este mundo, com noventa anos de idade e foi enterrado em Hevron.

(Toldot Chabad Beerets Hakodesh, Beth Rabbi)



29 Menachem Av 5572-1812

O Admor Hazaken abandonou a cidade de Lyadi por causa da guerra de Napoleão.

Quando Napoleão entrou em guerra conta a Rússia, o Admor Hazaken explicou que sua vitória aliviaria certamente as condições físicas da vida judaica mas, reforçaria, em compensação, a assimilação e a imoralidade. Ele fez então tudo o que podia para dar apoio ao exército russo. Quando o exército de Napoleão invadiu a Rússia, no dia 14 Tamuz 5572-1812, ele encarregou vários Chassidimde espiar as tropas francesas em favor da Rússia.

O Admor Hazaken redirigiu uma carta para os judeus da Rússia, pedindo que eles ajudassem o governo do país financeiramente, fisicamente e por todos os meios possíveis. Ele concluiu sua carta por:

“Não se desesperem. Não se importem com as vitórias temporárias do inimigo. A vitória final será do tsar da Rússia.”

Durante a guerra, o Rabbi não quis abandonar a cidade de Lyadi, onde ele morava, antes de tudo para que os judeus da Bielorússia não se desencorajassem. Mas, quando o exército de Napoleão estava chegando rapidamente nesta direção, ele foi levado a deixar rapidamente a cidade. Era uma sexta-feira, véspera de Rosh Hodesh Elul.

O Admor Hazaken, os membros de sua família e algumas trezentas famílias chassidicasdeixaram a cidade, com pressa. Antes de abandonar sua casa, o Rabbipediu que fosse levado tudo que tinha, inclusive as camas e as mesas. Ele mandou queimar tudo o que era velho e usado. Depois que eles tinham deixado a cidade já há algum tempo, o Rabbi pediu que alguém desse meia volta e verificasse que nada tinha sido esquecido na casa, nenhum objeto ou roupa. Foram encontradas duas pantufas velhas, rasgadas. O Admor Hazaken pediu depois que a casa toda fosse queimada.

Pouco depois do Admor Hazaken ter deixado Lyadi, Napoleão chegou pessoalmente acompanhado por seus soldados. Ele foi logo em direção à casa do Admor Hazaken. Vendo que ela estava pegando fogo, ele mandou que parassem o incêndio, mas as chamas estavam tão altas que seus soldados não conseguiram se aproximar. Vendo que ele não conseguiria nada da casa, ele pediu aos moradores de Lyadi que lhe trouxessem alguma coisa que pertencesse ao Admor Hazaken, qualquer peça ou objeto. Todas procuraram mas não encontraram nada.

O Admor Hazaken e as trezentas famílias que o acompanhavam fugiram durante cento e quarenta dias, acompanhadas pelo exército russo. Em seguida, eles chegaram na cidade de Pyéné, onde eles puderam descansar. Lá, eles souberam que a promessa do Admor Hazaken tinha sido realizada e que a derrota do exército de Napoleão já tinha começado.

O Admor Haemtsahi escreveu:

“No dia 19 Kislev, disseram para nós que o inimigo seria derrotado em Krasno e fugiria que nem um cachorro. Nós estamos felizes pois essa promessa foi cumprida no papel (a la lettre).

Quando o Admor Hazaken deixou Lyadi, o centro do movimento Chabad foi transferido para Lubavitch, onde, um ano mais tarde o Admor Haemtsahi se estabeleceu.

(Sefer Hatoldot)

Um encontro com Napoleão

Da mesma maneira que Alexandre o Grande, 2200 antes dele, aquele que chamavam “o pequeno cabo” sonhava em conquistar o mundo. Depois de dominar quase toda a Europa, tomou ele mesmo, a chefia do seu exército, conquistou o Egito e marchou em direção à Terra Santa, antes de conquistar, como ele pensava, todo o Meio Oriente e a Índia.

Nesta mesma época, em 1798, um bisneto do Baal Shem Tov, Nachman, se instalou na cidade santa de Safed.

Passava longas horas orando e estudando perto dos túmulos dos nossos maiores sábios, como o AriZal, Rabi Moshé Cordovero, Rabi Moshé Alshi’h, Rabi Shlomo Alcabetz e Rabi Iossef Caro.

Certo dia, num sonho, viu um velho de nobre porte, vestido de branco, que ordenou-lhe abandonar a cidade, tão calma e tão propícia para a meditação, e dirigir-se para Tiberíades.

Acordou e decidiu não perder um minuto. Tendo chegado a Tiberíades, alugou um quarto na casa de um velho pescador, perto do lago, e retomou seus estudos talmúdicos e suas orações, sem saber exatamente qual seria sua missão.

Napoleão tinha algumas preocupações neste momento: seu inimigo, o almirante britânico Nelson, tinha afundado parte da frota francesa no Mediterrâneo, perto do Nilo, o que tornava muito aleatório o abastecimento das suas próprias tropas: faltavam aos seus soldados munição e alimento.

Alguns, sem escrúpulos, se organizavam em bandos armados e atacavam civis, como se fossem bandidos vulgares.

Um dia, um desses grupos de soldados penetrou na cabana do pescador, depois de saquear as residências judias dos arredores. Mas o pescador não tinha nada para lhes entregar: era tão pobre! Começaram a bater nele raivosamente. O jovem Nachman ouviu o que estava acontecendo e imediatamente lhes ordenou deixar o pobre judeu.

Primeiro impressionados pelo tom calmo mas autoritário do jovem, os soldados acabaram se dando conta que ele só era um magro estudante judeu e se voltaram em sua direção para também bater nele.

Um deles ergueu seu cinto de couro mas Reb Nachman olhou para ele com um olhar penetrante: a mão do soldado se imobilizou no ar, como que paralisada. Os dois outros soldados tentaram ajudá-lo sem conseguir. Reb Nachman, sempre tão calmo, ordenou-lhes colocar o pobre pescador na sua cama, pedir-lhe perdão e prometer nunca mais fazer mal a um judeu.

Mandou também que esvaziassem seus bolsos e colocassem sobre a mesa todos os objetos preciosos que haviam roubado na casa dos outros judeus, o que fizeram, como que hipnotizados.

Depois os três soldados fugiram correndo e contaram aos seus superiores, embaraçados, o que havia ocorrido.

Napoleão ficou sabendo do incidente. Tirou um dos soldados da prisão à qual o havia condenado seu oficial superior para que este lhe sirva de guia para encontrar este rabino milagreiro.

Apenas Reb Nachman percebeu sua presença, levantou-se mui respeitosamente e cumprimentou o imperador, embora este estivesse vestido com muita simplicidade: “Meus respeitos, Majestade. Bendito seja nesta terra santa!”

Estupefato, Napoleão entendeu que estava diante de alguém dotado de poderes divinos, porque se comportava exatamente de acordo com os mandamentos Divinos. Reb Nachman o introduziu na cabana do pescador e Napoleão se escusou uma vez mais pela conduta escandalosa dos seus soldados. Vendo que seu interlocutor possuía uma visão pouco comum, pediu-lhe um conselho sobre o seguimento das suas campanhas militares.

Reb Nachman pensou um pouco e disse: “O Criador lhe deu qualidades extraordinárias que pode utilizar para o bem da humanidade. Isso não se faz derramando o sangue e semeando o terror. Isso não trará a paz e sem a paz, o senhor não tem nada. Volte para a França e faça de seu país um exemplo de justiça e retidão!”

Mas Napoleão meneou a cabeça: “Prefiro uma vida curta mas marcada pelo triunfo e a glória, e não uma vida longa e monótona!”

“Cada homem tem o livre arbítrio”, respondeu Reb Nachman, sempre mui respeitoso.

Antes de ir embora, Napoleão lhe propôs tornar-se seu conselheiro e acompanhá-lo em todas suas campanhas. Reb Nachman só desejava servir seu Criador.

Este foi o princípio da queda de Napoleão enquanto Reb Nachman deveria se tornar o santo Rabi Nachman de Breslev.

24 DE TEVET Neste dia o AUTOR DO TANYA  “deixou” este mundo.
bottom of page